“O melhor na minha vida são os outros: me colocam em movimento, movendo-me da ideia de um eu, autor, artista ou qualquer outra coisa substantiva. Arte como coisa para se cozinhar junto e para partilhar. O fazer junto é intrinsecamente político.” Marcos Moraes
A Cozinha Performática - é uma plataforma artística que desenvolve processos criativos a partir de encontros entre profissionais de diversas sensibilidades artísticas. Criada e dirigida pelo ator, bailarino e coreógrafo Marcos Moraes, desde 2013 criou espetáculos, performances, debates, um livro, vídeos, eventos de formatos híbridos e outras ações, sempre desenvolvidas de modo coletivo e colaborativo. Seu objeto de pesquisa são as ‘dramaturgias do encontro’, surgidas de uma mistura de olhares, práticas e ‘temperos’ de profissionais que, juntos, cozinham e criam mundos. Nestes 8 anos de existência passaram pela Cozinha mais de 120 profissionais, e a cada nova etapa vão-se chegando novos. (ver ‘ingredientes’)
Financiamento
Alternam-se períodos com e sem apoio financeiro, de modo que existe sempre uma necessidade de auto financiamento paralelo aos possíveis suportes. Interessam-nos as relações entre os modos de produção e os vetores estéticos, tanto no sentido de viabilizar desejos quanto no olhar crítico à mercantilização das subjetividades e sua relação com os meios de financiamento. As trocas e ações se viabilizam através de mecanismos mistos, que combinam apoios efetivos, venda de espetáculos, atividade docente e curatorial, aportes pessoais dos envolvidos, bem como trocas diversas para fechar as contas daquilo que se deseja produzir.
Apoios Públicos e Prêmios
O projeto foi criado com o apoio do Programa Municipal de Fomento à Dança de São Paulo em duas edições ( 2013/14 e 2015) e recebeu o Prêmio Funarte Klauss Vianna de Dança para circulação (Brasil). Em 2014 recebeu ainda o reconhecimento do Prêmio Denilto Gomes de Dança, na categoria especial de "plataforma colaborativa". O diretor recebeu, a título pessoal, a Bolsa Funarte – Residências Artísticas, que possibilitou realização de residência no C.E.M. (Lisboa), participação no Seminário ‘Political and Ethical Dimensions of Participatory Art’ (Antuérpia), desenvolvimento de pesquisa no LADA – Live Arts Development Agency (Londres) e participação na delegação brasileira do Programa Momentum (Edimburgh), entre março e novembro de 2017. Em 2019, com o apoio da 25a edição do Programa Municipal de Fomento à Dança de São Paulo, A Cozinha Performática realizou o projeto A Descrição do Mundo, dirigido por Moraes e pela poeta e cantora Natalia Barros, colabora da Cozinha desde seu início. Focado nas questões da alteridade, dos deslocamentos e das narrativas de viajantes que povoam e alimentam o nosso imaginário, propôs um olhar renovado sobre o encontro com ‘os outros mundos’, utilizando como fio condutor narrativo o ‘Livro das Maravilhas – A Descrição do Mundo’, do viajante Marco Polo.
Sobre inspirações
Às vezes algo poético é também político.
Às vezes algo político é também poético.
(Francis Allys)
A inspiração original da Cozinha Performática, se é que isso existe, veio – e continua vindo – de múltiplas fontes: do trabalho de Gordon Matta-Clark, especialmente o restaurante ‘Food’ que ele abriu junto a outros artistas no Soho, NY, ao início dos anos 70, declarando-o como um ato performático; da participação no encontro “Tecido Afetivo” proposto por Andrea Bardawil e a Cia Andanças (Fortaleza, CE, 2010) para discutir dramaturgia(s); da formação e dos anos de trabalho com Graciela Figueroa e a comunidade que integra o Espacio de Desarrollo Armónico (Montevidéu, Uruguai); das trocas com Ana Teixeira, Luís Ferron e com muitos outros artistas (de São Paulo e de todas as partes); das experiências acumuladas ao longo dos anos na arte, na vida, na estrada, no corpo.
O desejo – que insiste contra os reveses que a vida impõe e que nossa sociedade vigilante busca controlar – ligou-me à ideia da comida, do calor, da reunião à mesa e também da ativação performativa que o cozinhar produz. Deter-se um pouco no tempo do cozinhar, abrir espaços-tempos para que algo do que realmente está acontecendo possa ser visto, notado, cheirado, ouvido, sentido, tocado.
Para ver alguns trabalhos, click em ‘Pratos/Works’.
“The best in my life are other people: they set me in motion, moving me from any idea of A Self, an author, an artist or anything of essence. Art, as a thing to cook together and share. Doing things together is intrinsically political.” Marcos Moraes
The Performing Kitchen is an artistic platform that develops creative processes based on meetings between professionals of different artistic sensibilities. Created and directed by the actor, dancer and choreographer Marcos Moraes since 2013 it has created dance shows, performing art works, debates, a book, videos, events in hybrid format and other actions, always developed on collective and collaborative basis. Its object of research are ‘dramaturgies of the encounters’, arising from a blend of views, practices and ‘spices’ added by artists who join together, cook and create worlds. In those 8 years more than 120 professionals took part in it and at each new phase other people pop in. ( ‘ingredients’)
Financing and Support
There are alternate periods with and without financial support, so there is always a need for self-financing parallel to possible public supports. We are interested in the relation between the modes of production and the aesthetic vectors, both in terms of making desires feasible and in the critical look at the commercialization of subjectivities and their relationship with the means of financing works of art. Exchanges and actions are made possible through mixed mechanisms, which combine effective support, the sale of shows, teaching and curatorial activity, and personal contributions from those involved, as well as various exchanges to make ends meet on what one wishes to achieve.
The project was created with the support of the São Paulo City Dance Development Program in two editions (2013/14 and 2015) and received the Funarte Klauss Vianna Dance Award for circulation (Brazil). In 2014, The Performing Kitchen was awarded the Denilto Gomes Dance Award, in the special category "collaborative platform". The director received, on a personal basis, the Artistic Residency Scholarship by Funarte, which made possible, between March and November 2017, a residency period at C.E.M. (Lisbon), the participation in the Seminar 'Political and Ethical Dimensions of Participatory Art' (Antwerp), a research period at LADA - Live Arts Development Agency (London) and the participation in the Brazilian delegation of the Momentum Program (Edinburgh). In 2019, with the support of the 25th edition of the São Paulo City Dance Development Program, the Performing Kitchen developed a new project, ‘The Description of the World’, directed by Moraes and by the poet and singer Natalia Barros, a collaborator since its early days. The Description of the World focuses on the issues of otherness, displacements and narratives of travellers who populate and feed our imagination. It also proposes a renewed look at the encounter with ‘the other worlds’, using as a narrative guideline the ‘Book of Wonders - The Description of the World’, by traveller Marco Polo.
More on inspirations
Sometimes doing something poetical is political.
Sometimes doing something political is poetical. (Francis Ally)
The original inspiration for The Performing Kitchen, if such thing exists, came – and keep coming – from a variety of sources: through the work of Gordon Matta-Clark, especially 'Food', the restaurant he opened with other artists in Soho, NY, in the early 1970s, declaring it as a performing act; the participation in the meeting “Tecido Afetivo” proposed by Andrea Bardawil and Cia Andanças (Fortaleza, CE, 2010) to discuss dramaturgy (s); the training, learning and working years with Graciela Figueroa and the community that integrates the Espacio de Desarrollo Armónico (Montevideo, Uruguay); the exchanges made with Ana Teixeira, Luis Ferron and many other artists (in São Paulo and elsewhere); the experiences accumulated over the years in art, in life and on the road.
Desire – as an insistence against the setbacks life imposes and our self-vigilant society seeks to control – took me to the idea of food, of heat, of meeting at the table and also of the performance-like activation that cooking produces. It was about taking some time to cook something, opening some space-time so that something of what is really happening may be seen, noticed, smelled, heard, felt, touched.
For some works, click in ‘Pratos/ Works’